Morre o Pai da Inteligência Artificial

2010 começa sem um grande nome das pesquisas científicas que ajudaram a revolucionar a humanidade. Morreu no dia 7 de Dezembro, em Boston (EUA) aos 83 anos, Ray Solomonoff. Considerado o Pioneiro na aplicação da probabilidade à solução de problemas de Inteligência Artificial (I.A.). Ainda criança Solomonoff desenvolveu gosto pelos teoremas matemáticos que perduraram por toda a vida, se deixando cativar pela idéia de criar máquinas capazes de aprender um dia a pensar. Em 1952 junta-se a Marvin Minsky – cientista cognitivo, e John McCarthy – um jovem matemático. Os três com ajuda de outros sete cientistas criaram um grupo de estudos como parte de um Projeto de Verão do Dartmouth College, ao qual denominaram de Inteligência Artificial (I.A.).

Os estudos realizados pelo grupo que acabou se tornando um marco no campo da Inteligência Artificial – termo criado por McCarthy, professor de matemática no Dartmouth, e na computação moderna. Pois
partia da seguinte premissa :

“ O estudo deve proceder com base na conjectura de que cada aspecto de aprendizado ou qualquer outro recurso de inteligência pode, em principio, ser descrito com tamanha precisão que uma máquina seria capaz de simulá-lo”.

No verão de 1955 os pesquisadores Allen Newell, J. C. Shaw e Herbert Simon, todos pesquisadores do Instituto Carnegie de Tecnologia – atual Universidade Carnegie Mellon, criaram um programa para descobrir teoremas lógicos, no qual denominaram Logic Theorist. O programa foi apresentado e demonstrado em Dartmount naquele mesmo ano, passando a ser considerado o primeiro esforço de criação de um programa de Inteligência Artificial.

Solomonoff ainda na década de 60, mergulha nos estudos cognitivos da chamada Inteligência Artificial, de modo que, desenvolve a idéia da probabilidade algorítmica. A idéia surgiu num esforço para enfrentar o problema da indução. Por exemplo: dada uma longa sequência de símbolos que descrevesse eventos reais, de que forma se poderia extrapolar a sequência? Acabando por ser o pioneiro na aplicação da teoria da probabilidade à solução de problemas de Inteligência Artificial.

Contudo, Solomonoff estava a frente de sua época – anos 60 à 70, e a abordagem proposta inicialmente por ele por ele teve pouco impacto sobre o campo de estudos da I. A.. Porém, nos dias atuais ganhou muito prestigio com os cientistas da I. A., acabando por se tornar a abordagem dominante.

O trabalho de Solomonoff é reconhecido por cientistas como Eric Horvitz, cientista da computação da Microsoft e ex-presidente da Associação para o Progresso da Inteligência Artificial:

"Ray realizou trabalhos iniciais sobre as fundações teóricas desses sistemas, concentrado em compreender como gerar e designar probabilidades de sequências de símbolos, que podiam ser mapeadas de forma a enfrentar o desafio de prever o que acontecer a seguir, tendo por base aquilo que tenha sido visto até o momento em questão".

Afirmando também:

"(...) Para além de seu trabalho técnico de fundamentos. (...) Um proponente apaixonado da abordagem probabilística na Inteligência Artificial, com a promessa de criar sistemas de computação capazes de aprender e de raciocinar em situações de incerteza”.

Outro cientista por nome Andrei Kolmogorov, matemático russo e pioneiro nas pesquisas da Teoria da Informação, também reconheceu a influência do trabalho de Solomonoff sobre suas pesquisas, feitas por Solomonoff ainda na década 60.

Em 1985 Solomonoff dedica-se aos estudos sobre o custo e o tempo que seriam necessários para desenvolver uma máquina com inteligência muitas vezes superior à de um grupo de seres humanos, no qual definia a questão como sendo “o ponto infinito”. Outra idéia do cientista que antecede a do cientista da computação Vernor Vince, que em 1993 conjecturou uma evolução semelhante na Inteligência Mecânica, definida por ele de “a singularidade”.

Ray Solomonoff, era filho de imigrantes russos, Julius e Sarah Solomonoff. Estudou Física na Universidade de Chicago e conseguiu seu mestrado em 1951. Trabalhou de forma autônoma e independente boa parte de sua vida, chegando a assumir postos em diversas Instituições como professor visitante. Em 2001, foi professor visitante de Instituto Dalle Molle de inteligência Artificial, em Lugano, Suíça, exercendo o mesmo papel recentemente no Centro de Pesquisa e Aprendizado de Computação na Universidade de Londres.

De acordo com sua mulher, Grace, a causa mortis teria sido um aneurisma cerebral rompido. Atualmente Ray Solomonoff vivia em Cambridge, Massachusetts, e também tina casa em New Ipswich, New Hampshire, na qual ele mesmo construiu e era aquecida por duas fileiras de lâmpadas no teto, através de um isolamento pesado que ele instalou, como também coberturas isolantes aplicadas as janelas.