As produções Hollyoodianas dos últimos tempos tem focado em cima da vida de muitos personagens históricos marcantes da humanidade. Alexandre III ou mais conhecido como Alexandre o Grande foi um deles. O filme “Alexandre” do Diretor Oliver Stone (2004), tentou mostrar um pouco do que foi a saga desse homem que aos 16 anos se torna general, e aos 20 anos herda o reino de seu pai, Felipe II da Macedônia que fora assassinado, e se transforma num dos maiores conquistadores de todos os tempos, responsável por levar a cultura grega ou helênica por lugares até antes não “explorados”.
Como preceptor, Alexandre teve nada mais nada menos que o filósofo Aristóteles para orientá-lo no começo da vida, lições estas que devem tê-lo acompanhado até seus últimos dias. Ele não apenas adotou e impôs novos costumes, como também promoveu um intenso intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente. Alexandre foi um grande difusor do conceito de helenicidade e seu sistema de propaganda está presente em
esculturas (como as de seu escultor pessoal, Lísipo) e em moedas que mandou cunhar. Utilizava essas imagens para mostras sua força física e o vigor em suas vitórias. De acordo com a pesquisadora e diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP Maria B. B. Florenzano, ele “costumava usar suas
esculturas (como as de seu escultor pessoal, Lísipo) e em moedas que mandou cunhar. Utilizava essas imagens para mostras sua força física e o vigor em suas vitórias. De acordo com a pesquisadora e diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP Maria B. B. Florenzano, ele “costumava usar suas
moedas as imagens de Zeus e Athena, seus deuses protetores, e também a do herói Hércules, que, na prática, era o retrato de Alexandre disfarçado”. Cunhada ou esculpida, sua feição remetia ainda à de um leão.
Na mitologia grega existiam dois deuses no qual poderia se fazer referência a dois tipos de homem. O Apolíneo (de Apolo), voltados à razão, e os dioníseos (de Dionísio, equivalente a Baco para os romanos) que eram voltados ao exagero das ações. De acordo com o historiador José L. Cerqueira da UFPE, “Alexandre estava nesse segundo grupo, participando de grandes bacanais da qual gostava muito (festas que duravam até 3 dias seguidos, regadas a orgias e muito vinho). Sua ansiedade de conquistar tudo o angustiava. Ele tinha uma presença de espírito muito grande . Antes do início da campanha, ele foi consultar um oráculo. A pitoniza o mandou esperar na fila. Ele foi lá várias vezes, puxá-la pelo braço, para que fosse atendido. Depois de muita insistência, ela reclama com ele: ‘Com você, Alexandre, não há quem possa’. Ele retrucou: ‘Não preciso de mais respostas, já me disse o precisava saber’”.
Na verdade, o que Alexandre faz é mesclar o que o mundo helênico até então tinha sistematizado em termos de conhecimentos, com as demais culturas na qual ia desbravando e dominando. Podemos até afirmar que foi o primeiro a fazer o que se chama hoje de “Globalização” entre os povos. O Ocidente deve muito a ele.
Contudo, a imagem desse grande conquistador que forjou o que chamamos hoje de Cultura Ocidental, no que diz respeito a sua virilidade para com o sexo oposto, ficou distorcida depois do filme de Oliver Stone. Muito são os que até hoje, depois de assistidir ao filme, fazem chacotas sobre sua pessoa. Onde estará a verdade? Onde investigar para conhecer melhor a vida privada de Alexandre e sua personalidade? Podemos confiar em um filme, ainda por cima Hollywoodiano, que sempre visam mais bilheterias do que a busca pela essência da verdade? A forma mais segura é mirar os textos que compilaram os originais do grego para o latim, como fizeram os historiadores romanos, ou os fragmentos gregos escritos por fontes diretas que conviveram com o rei, mesmo sabendo que ainda assim isso não garante a verdade absoluta dos fatos, mas reduz e muito os erros, na medida em que, como já dizia Walter Benjamin: “a história, é a história dos vencedores”. Cabe-nos então, procurar as evidências que comprovem ou desmintam o que lhe é atribuído.
Antes de taxar Alexandre como sendo homossexual, nada contra a homossexualidade, devemos refletir sobre o momento histórico em que o mesmo viveu. A bissexualidade entre os gregos na época de Alexandre era moderadamente aceita. Não existia os conceitos de hetero ou homossexual. Logo, como julgá-lo tendo como pesos e medidas os valores contemporâneos? Valores estes que beiram a extremos homofóbicos. Assim, vale ressaltar a cronologia de suas vitórias, que se encontram nos textos clássicos, misturando-se com a sua admiração e conquistas de belas mulheres.
As Mulheres no caminho do Rei
1 – DESTRUIÇÃO DE TEBAS: assim que sucede ao pai, Alexandre enfrente uma revolta em Tebas, sufocada em 335 a. C. Assim, consolida o poder sobre a Grécia. A tebana Timocleia escapou da escravidão por ser bonita. Ao vê-la, o rei encantou-se;
2 – RIO GRANICO: em 334 a. C. invade a Ásia Menor e encara os persas as margens do rio. Então avança pelo rio Cária (atual Turquia), derruba os portões de Halicarnasso e, em 333 a. C., nomeia Ada como rainha mãe e regente dos carianos;
3 – BATALHA DE ISSUS: em 333 a. C., Alexandre obteve a primeira grande vitória contra Dario III, que fugiu. Após a batalha, manteve os privilégios de Sisygâmbis, mãe do rei persa;
4 – CERCO DE TIRO: Alexandre sitiou a cidade por sete meses em 332 a. C. para dominar o mediterrâneo. Pouco antes, em Damasco, descobriu o sexo com Barsena. A concubina o seguiu em boa parte da campanha;
5 – GAUGAMELA: foi a maior de suas vitórias, em 331 a. C. Dario fugiu e seria morto pouco depois. Alexandre tomou a Babilônia e, em Persépolis, celebrou os feitos com Taís. A partir da Hyrcânia, em 330 a. C., até se casar, levava um harém;
6 – ESCARAMUÇAS CITAS: na Bactria e no Oxus, ele perseguiu cavaleiros citas nas estepes da região entre 329 e 328 a. C. para ampliar a fronteira. Fez a paz casando-se com Roxana e Parysatis, filhas dos reis locais;
7 – RIO HIDASPES: em 326 a. C., perde o cavalo Bucéfalo na batalha, mas derrota o rei Porus, Pouco depois, as tropas se rebelam e ele tem de voltar. Nesse ano, nasce Hércules, seu filho com Barsena. Roxana teria Alexandre IV após a morte do marido;
8 – O RETORNO DO REI: de volta a Susa, após lutar na Índia, casou-se em 324 a.C. com Estatira e Barsine, filhas de Dario. Planejava invadir Arábia, Cartago e Roma, mas morreu antes (talvez de bebedeira, malária ou sífilis) em 10/06/ 323 a. C., na Babilônia.
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