quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Muita des-Atenção!



Recentemente depois de um dia cansativo, resolvi ir ao cinema. Como a Sétima Arte é sempre uma boa opção, nada melhor para relaxar do que assistir a um bom filme. Fui então a uma rede de salas de cinemas que fica em um shopping. Chegando lá, apesar dos vários filmes a serem exibidos, eu já tinha um filme em mente. Até porque fica muito difícil escolher um filme dentre vários em virtude de quase todos seguirem uma mesma linha de produção. Contudo, não quero discutir sobre Industria Cultural ou como o filme pôde ou não, ter contribuído para o meu bem estar.

A questão é que ao me aproximar do hall de onde ficam as salas de cinema, um local bem amplo e que tem sido utilizados em alguns momentos de forma bem proveitosa, me deparei com uma exposição sobre os duzentos anos da chegada da imprensa no Brasil, mas precisamente em 1802. Culminando com chegada da família real no Brasil, que eram por volta de quinze mil membros. Aportaram no Rio de Janeiro e desalojaram as pessoas das melhores casas da cidade, para se acomodarem. As pessoas que saiam eram indenizadas com uma quantia irrizória, e ainda por cima eram colocados nas portas das casas um símbolo: PR. Significando Príncipe Regente, que rapidamente a população ironizou como sendo Ponha-se na Rua. Começava ai toda uma implicação sócio-econômica para o nosso país, apesar de estarmos atrasados em relação a europa em termos de informações oriundas da Revolução de Gutenberg, houve um avanço literário para nosso povo.

A exposição que é itinerante, já percorreu algumas capitais e em cada uma delas expõe o desenvolvimento da imprensa local. Ela é patrocinada por uma mineradora que atua em nossa região, por sinal um belo incentivo por parte desta multinacional. Tal empreitada teve uma contribuição fundamental de pesquisadores paulistas e de outros Estados da área de jornalismo, vasculhando documentos da Biblioteca Nacional e demais centros que oferecem tais documentos arquivados. Uma verdadeira pesquisa arqueológica.

Da forma como foi exposta, não tinha como não chamar a atenção, pois montaram uma grande minhoca ou túnel transparente inflável, ficando no centro do grande salão, com adesivos digitalizados e aumentados, dos primeiros jornais da época, assim como revistas, documentos, que falam sobre os principais fatos ocorridos no país. Ao mostrar o módulo maranhense, relata sobre os jornais que muito municípios tinham em pleno Século XIX, tais como:
Alcântara; Codó; Coroatá; Imperatriz; São bento; Viana; Zé Doca e outros. Alguns municípios chegaram a ter, até três jornais em circulação. E nos dias atuais, em pleno Século XXI, onde temos uma série de recursos tecnológicos, quantos interiores maranhenses possuem jornais impressos em circulação?

Diante da resposta implícita, percebemos um declínio da intelectualidade produtiva em nosso Estado, na qual credito a maior parte da culpa (senão toda), a gestões públicas não comprometidas com a educação de nossa gente. Tal reflexo pôde ser de certa forma visto por mim, quanto ao perceber os transeuntes que se dirigiam ou saiam das salas de cinema e passavam ao lado da exposição, poucos eram os que davam a devida atenção, a não ser pelo formato de como era exposto, pois não tinha como não perceber.

E foi justamente essa minha curiosidade que me levou a conhecer João, o rapaz responsável por mostrar e explicar a exposição para aqueles que se interessavam. O encontrei sentado sozinho ao lado do livro de anotações usado para quem assim o desejasse anotar seu nome e deixar algumas observação sobre a exposição. Ele me disse que já fazia quase um mês da exposição - no entanto, o livro, pelo que percebi, não foi preenchido nem a metade. João me disse também, que notava o desinteresse de grande parte dos transeuntes. Chegando ao ponto dele ter que intervir em algumas situações. Como no momento em que alguns adolescentes chutavam e tentavam furar a grande “minhoca inflável de informações”. Seria cômico para não ser trágico.

Na medida em que me informava através de João, passei a ter uma nova percepção da exposição, vendo-a com um túnel do tempo dos principais fatos registrados na história de nosso país. Não posso deixar de agradecer ao João, que cumprindo seu papel de mediador das informações, em volto a tanta gente desatenta, salvou minha pátria naquele tarde que enveredava pela noite. Um Universitário que realmente estuda e que faz jus ao seu estágio, me dando uma aula sobre o Brasil e o Maranhão do Século XIX.

Então, é por essas e outras que a educação é primordial na construção do SER, pois do contrário encontraremos mais e mais pessoas insensíveis para qualquer tipo informação/situação que de alguma forma contribua para a sua vida, e possa impedir que o “homem de Java” seja liberado do nosso inconsciente.

Um comentário:

insens disse...

È isso aí. Bem escrito