ÉTICA OU MORAL? O ESCÂNDALO DA VEZ!

Muitos são os que confundem essas duas terminações. Ou pelos menos não fazem nenhuma questão de procurar distinguir e entender o que é, e qual o campo de atuação de cada conceito. É o que me leva a crer a cada dia, quando me deparo com mais um novo escândalo por parte dos políticos brasileiros. Não que eu venha a me assustar, pois é algo já esperado. O que assusta é sempre a forma cada vez mais inescrupulosa de usar o dinheiro público para as suas regalias. Daí entender-se a sede canina que grande parte possui pelo “poder”.

Quando analisa-se os problemas éticos, busca-se as principais características generalizantes que os distingue dos problemas morais da vida cotidiana, esses mesmos, que se apresentam em nossas vidas concretas. Daí, que as soluções encontradas no estudo da

ética vai influir diretamente na moral vivida, sobretudo quando se trata não de uma ética absolutista, apriorística ou puramente especulativa. Logo, o estudo sobre ética pode contribuir para fundamentar ou justificar certa forma de comportamento moral.

Em pesquisa recente que tem como base os registros fornecidos pelas companhias aéreas, e que pode ser vista no site “Congresso em Foco”, foram registrados 1.887 vôos internacionais pagos com as chamadas cota de passagens dos deputados, ou melhor, dos daputadas, como queiram. No período de Janeiro de 2007 a Outubro de 2008, 261 daputadas (rsrsrs), ou seja, 51% do total dos 513 deputados, utilizaram as chamadas cotas de viagens, para viajarem em companhia de “conjugues” ou “familiares”, onde lançam mão da falácia do argumentum ad ignorantiam (Apelo à Ignorância), ao afirmarem algo como sendo verdadeiro porque não se provou que é falso, ou vice-versa, eles são expert em utilizarem argumentos dispersivos.

Tudo isso custou aos cofres públicos, ou seja, ao bolso da sociedade, a bagatela de R$ 4.765.946,91 para a Câmara dos daputadas, mais R$ 3.021,557,98 em bilhetes emitidos, mais R$ 1.774.388,93 com taxas de embarque. É mole! Ou queres mais, e mais, e mais...

O levantamento em cima dos registros de viagens feita pelos daputadas com seus cônjugues e familiares (Apelo à Ignorância), destaca a presença de alguns membros da bancada maranhense. Alguns, não é de se admirar, pois já sabemos de suas condutas, assim como a de seus partidos. Mas outros!?, caem por terra o discurso ético pessoal, na medida que, as ações morais a contradizem. Tais, se encaixam no conceito de Fausse gauche, explicado pelo filósofo Desidério Murcho, onde diz que existe uma pesudo-esquerda que não defendem os verdadeiros interesses sociais.

Eis o nomes dos gozadores de dinheiro público, segundo as fontes do site “Congresso em Foco”: Cléber Verde (PR); Clóvis Fecury (DEM); Domingos Dutra (PT) / 7 passagens para Santiago no Chile e Miami (EUA) ; Nice Lobão (DEM) / 4 passagens de Nova York para Miami (EUA) saindo de Guarulhos; Roberto Rocha (PSDB) / 4 passagens de Guarulhos para Miami (EUA) e Frankfurt (Alemanha); Sarney Filho (PV) / 6 passagens saindo de Guarulhos e Porto Alegre para Buenos Aires na Argentina; Sebastião Madeira (PSDB) e Waldir Maranhão (PP) / 4 passagens de Guarulhos para Londres.

A falta de ética e hombridade é tão grande, que muitos ao serem contactados pela imprensa local, negam ou desconhecem veemente tais fatos. Me engana que eu gosto! Até um deputado de reconhecimento nacional, por sua postura crítica dentro da Câmara dos Deputados, que faz parte da história do país dentro do processo de redemocratização do mesmo, que calou aquele suprasumo do conservadorismo, então presidente do Senado na época (o mastordonte Severino Cavalcante) caiu nas malhas finas da investigação. Fernando Gabeira, até você Brutos! Já vi mesmo que a coisa não está fácil. É procurar agulha no palheiro.

Diante do exposto, ao se analisar eticamente tais condutas, e tentarmos através dessa ciência que é a ética, definir o que é o bom, exclusivo, evidentemente perceberemos que a mesma influenciará na prática moral ao rejeitar um comportamento egoísta como moralmente valído. Pois a ética revela uma relação entre o comportamento moral e as necessidades e os interesses sociais, situando-nos no devido lugar da moral efetiva, real, de um grupo social que tem a pretensão de que seus princípios e suas normas tenham validade universal, sem levar em conta necessidade e interesses concretos.

Portanto, há a necessidade de ter sempre presente a distinção entre o plano puramente normativo, ou ideal, e o factual, real ou prático, que consequentemente chamaría-se de “Moral” e “Moralidade”. A primeira designaria um conjunto dos princípios, normas, imperativos ou idéias “morais” de alguma época ou de uma sociedade determinada. Já a segunda, se referiria ao conjunto de relações efetivas ou atos concretos que adquirem um significado moral com respeito a “moral” vigente. Ou seja, a moral tende a se transformar em moralidade devido à exigência de realização que está na essência do próprio ato normativo; a moralidade é a moral em ação, a moral prática e praticada.

Assim, a ética seria a teoria ou ciência de comportamento moral dos homens em sociedade, de uma forma específica de comportamento humano. Então, diante dos fatos expostos sobre as condutas de nossos representantes políticos, poderíamos fazer a seguinte pergunta já feita pelo filósofo alemão do séculos XVIII, Imannuel Kant (1724-1804). Em um texto intitulado, O que é esclarecimento? (Aufklärung). Os nossos políticos de carteirinha, seriam mais moralizados ou civilizados? De acordo com o pensamento de Kant sobre moralidade, seriam mais civilizados, pois os mesmos não agem por consciência do dever fazer internalizados, como uma condição benéfica e preponderante para todos, e sim, sempre visando ganhos ou vantagens pessoais, a não ser quando são obrigados a agir em detrimento com a lei, quando são expostos em seus podres para a sociedade. Logo, agir em conformidade com própria consciência, como uma ação universalizante, seria a verdadeira moralidade segundo Kant. Agir obrigado pela lei, seria apenas civilidade. Pelo andar da carruagem, nossos políticos (51%), ainda estão longe de saber fazer – ou não têm nenhuma pretensão, as verdadeiras distinções entre Ética, Moral e Moralidade. Enquanto isso na sala da Justiça... Mas um novo capítulo dessa novela mexicana chamada “Os Caras-de-Pau”.